Algumas palavras sobre Tina — RESPEITO
Uma olhada no Instagram. Entre uma postagem e outra “hmmm…A Mushi comprou novas HQs. Vou ampliar aqui para conferir os títulos. Nossa! Tina — RESPEITO já está nas bancas. Vou comprar o meu exemplar!”.
Se tem algo de nostálgico e acolhedor em comprar as edições cartonadas das “Graphic MSP” é o fato de caminhar até a banca de revista, próxima ao trabalho, no intervalo do almoço, e comprar o meu exemplar. Traz à memória, a estudante que um dia fui. Percorria as bancas da cidade em busca dos últimos volumes dos mangás favoritos. É nesse sentimento familiar e acolhedor que o roteiro de Tina — RESPEITO envolve o leitor, principalmente, se você é mulher.
A Fefê Torquato conduz o leitor com um traço lindo, cores vivas e um texto atual sobre uma jovem jornalista solta na selva que é o mundo do trabalho. O título e a capa já dão uma ideia do que podemos esperar da narrativa. Afinal, o lançamento da capa da publicação causou um reboliço nas redes sociais. Auê devido a personagem não apresentar uma imagem mais ‘sexy’ como costumava ser. Acredito, que no rompante de ‘tretar por tretar’, esqueceram que o selo Graphic MSP sempre apostou em RELEITURAS dos personagens clássicos do Maurício de Sousa. Então, para que a autora deixe a sua marca é preciso apresentar uma nova Tina. A Tina da Fefê inspirada na Tina do Maurício. Foi isso e muito mais que encontrei na Tina e demais mulheres que aparecem da HQ. Tem a Tina da Fefê, do Maurício, da Irla, da JoutJout (que escreveu o texto da quarta capa), a filha da Mãe da Tina, a colega de trabalho, a foca Tina, a amiga da Pipa e do Rolo…se deixar não desenvolvo o meu texto sobre esse lindo quadrinho.
Tina é sobre assédio, amizade, acreditar no que você é, família, mulher, jovem e tudo mais. O texto, combinado com a leveza e beleza do traço da Fefê, insere o leitor num universo sensorial. As palavras da Tina ecoam na mente enquanto deciframos o código das palavras. O mundo inexiste. Estamos com Tina.
Não quero aqui tecer comentários ou escrever uma resenha recheada de spoilers. Por isso, reproduzo a sinopse oficial:
Jornalista recém-formada, Tina finalmente realiza o sonho de trabalhar em uma redação. Ela só não esperava que seu maior desafio fosse ser pessoal, e não profissional. Em Respeito, Fefê Torquato usa a clássica personagem de Mauricio de Sousa para expor um problema que mulheres enfrentam dia a dia, e precisa acabar: o assédio.
A edição cartonada é muito bem acabada. A superfície brilhosa da folha não incomoda a leitura, pois não deixa aquele reflexo. As cores e a pintura em aquarela dão movimento, envolvem o momento da leitura dando mais densidade à narrativa. Densidade esta que é apresentada em forma de palavras e ações num texto inspirado. Escolhi a página abaixo, dentre várias válidas de destaque, em que o movimento, as cores e o texto evidenciam e justificam o excesso de adjetivos aqui escritos.
“O mundo olha pra você e te define de acordo com o que ele enxerga”.
Na riqueza da diversidade de perfis, Fefê Torquato bate a real sobre o ser mulher e a exaustão em busca da sua identidade. Por que ser MULHER é tão questionado? Os diálogos exploram essa premissa que leva ao título da obra — RESPEITO. Na apresentação, Mauricio de Sousa é elucidativo quando escreve que respeito é algo que não precisaria pedir. De fato, ele deve EXISTIR. Sem a necessidade de ser requerido.
A abertura de Tina — REPEITO é linda e arrepiante. O jogo de claro e escuro é de fazer UOU! Confesso que ao passar as páginas soltei a onomatopeia. A ausência de quadros, em algumas sequências, deixa tudo muito fluído e ficava perdida se estava lendo ou contemplando.
A HQ está disponível em duas edições: CAPA DURA e CARTONADA. Fica por conta do gosto e poder aquisitivo do leitor. Só se dei uma coisa: se dê o respeito e compre TINA!