HA:TFELT e suas canções que gritam “SOU MULHER”
O stage name é tanto complicado, mas consegui gravar na mente para sempre ouvir no Spotify. Afinal, foi na plataforma de streaming que conheci a cantora — HA:TFELT. Em meados do comecinho de 2018, numa noite entre um post e outro nas redes sociais, a música “I Wander” apareceu no aleatório e naquele momento me rendi.
O vocal, o arranjo que combinava guitarra e uma base eletrônica, a pegada pop com um toque sofisticado e ao mesmo tempo descompromissado com o timming do que domina os charts mundiais foi um verdadeiro achado. Clico para conhecer o álbum…é um EP com 02 canções. E a cantora? Poucas faixas. Avanço na pesquisa… É A PARK YEUN DO MARAVILHOSO WONDER GIRLS. (se você não conhece o girlgroup coreano, por favor, apenas ouça REBOOT e exalte um dos melhores álbuns girlgroups de todo o kpop).
Estamos falando de uma cantora, que debutou no kpop como idol da JYP, e traz cores próprias para a sua carreira solo. HA:TFELT é caótica, real, pulsante, pessoal, intensa e viva! Com sua voz suave, YeEun dá vida a uma persona que coloca seu lado monstruoso e belo sem medo com sob o nome de HA:TFELT.
No último dia 23/04, a HA:TFELT liberou seu primeiro full álbum com 14 faixas, entre inéditas e conhecidas, acompanhado de 04 MVs e performances ao vivo como promoção. A nossa eterna wondergirl mostrou que é maravilhosa mesmo e trouxe, pra mim, um dos melhores álbuns deste 2020. E também ensina como fazer um álbum composto de canções já conhecidas do público e coeso.
Enquanto a letra de ‘Life Sucks’ revela uma crônica do relacionamento entre uma filha e o seu pai (nada tranquilo), o vídeo traz um cenário perturbador que lembra uma câmara de corpos mortos com jornais na parede — que trazem momentos ‘polêmicos’ da vida de idol da YeEun.
O tom confessional das letras acompanha ao longo da triste love story com ‘Piercing’ e os questionamentos sobre o futuro com ‘I wonder’ (feat GAEKO) . O ritmo que mistura bossa nova e uma pegada sexy, fazem de ‘Pluhmm’ (gravada em 2018) uma excelente escolha para quebrar o clima pesado das 03 canções que abrem o álbum.
‘Read me’ foi gravada originalmente feat o rapper Punchnello, em 2017 no EP MeiNE, e traz o tom confessional mais acentuado nessa versão de voz e guitarra. ‘Cigar’ (2018) e Make Love segue na mesma linha pessoal, contudo vale ressaltar uma qualidade nas canções da Park YeEun: a força da expressão dos sentimentos do eu lírico. As letras são tocantes e evidenciam a maturidade da artista.
O que dizer de ‘Satellite’? Já nasceu aclamada e faz uma excelente renovada no som do álbum! Com o feat de AshIsland, Ha:Tfelt canta a liberdade e conforta o ouvinte (e por que não ela mesma?) depois de tanto sentir.
Satellite, satellite
It’s an endlessly long journey
You might be nervous, dizzy and trying your best
But you’ll shine so bright in this moment
Shine brighter than the stars, but you’re a star
You‘re a star, you‘re a star
You‘re a star to me
‘Sweet sensation’, um feat com a cantora Sole, é um MV caótico e embalado pela primeira faixa definitivamente pop do álbum, porém que é iluminado pela felicidade da cantora que se movimenta sob foco de uma lente grande angular fisheye pelo o quarto bagunçado, celebrando o amanhecer.
‘Solitude’ apresenta o arranjo mais distinto até aqui. O começo com o violão e o estalar dos dedos já dizem muito sobre a canção: uma pegada jazzística para narrar a solidão bem resolvida de uma mulher madura. Já nasceu clássica.
‘3mins’ (feat CHOIZA), ‘Bluebird’, ‘Sky gray’ e ‘How to love’ são canções inéditas que se encaixam bem no perfil de ótimas b-sides. Seguem o tom pessoal nas letras e trazem ritmos que não deixam o clima EXCELENTE do álbum se perder após 10 ótimas músicas.
Para concluir, 1719 (HA:TFELT) mostra que a mulher tem liberdade para cantar sua história: desde os remorsos da vida familiar, as dores e amores dos relacionamentos, e até mesmo se autoafirmar como uma estrela brilhante.
NOTA: Chocolattes 🍫🍫🍫🍫🍫 com ☕
BÔNUS
A ótima Happy now (feat Moon Byul of MAMAMOO) lançada em 2019.