MoonByul acerta na ousadia em “ Dark Side of the moon”
A Moon Byul lançou mais um trabalho solo e com um conceito ousado. Inverteu os papéis e mostra que garotas no kpop também podem ser “monstros” e iluminar o caminho de seus afetos. Como integrante do MAMAMOO, o trabalho já apresenta de cara um vocal impecável e uma sonoridade única — qualidades que são características fortes do grupo. Já para essa que vos escreve, acompanho o trabalho solo da Byul desde Selfish (2018) e sempre chama a minha atenção. Com “Dark Side of the moon” não poderia ser diferente: gostei MUITO do EP. Fugiu do comum e fez uma ponte incrível com o último sucesso do Mamamoo — HIP — e a emancipação dos girlgoups em termos de conceito, estilos e sons a serem explorados.
Vamos aos comentários faixa a faixa:
1. Eclipse
Curiosamente, a track traz uma sonoridade mais comum em boygroups. Contudo, na voz da Moon Byul ficou muito bom e não apresenta qualquer estranhamento (que poderia acontecer). Numa leitura girl power, podemos afirmar que mulheres podem fazer tudo, também, na música. Gostei da ousadia, da impostação da voz e me fez lembrar o B.A.P. *saudades do que a gente não viveu* e o EXO (com MONSTER, se pudesse faria uma análise intertextual, porém sem tempo para colocar pra fora a EXOL que existe em mim surtada escrevendo).
Ainda sobre a track, que é o single do EP, o vocal suave e forte provam a versatilidade da cantora. Mostrando que, no kpop, os girlgroups podem explorar outros gêneros musicais. Independente se o conceito lembra o som habitual de boygroup ou qualquer outra referência, a Moon Byul acertou na ousadia. Outro ponto a ressaltar: segundo a tradução disponível no MV se trata de canção que aborda o gênero neutro, ou seja, não temos marcadores que possam identificar “mulher”, “namorado”, “garoto”, “homem”, e por aí vai. Nem um possível relacionamento é sinalizado. Temos apenas uma referência ao afeto que une o eu lírico ao seu objeto de desejo.
A ressalva que faço na faixa são os gritinhos “aaah eee uuuu” no refrão. Nem com boygroup gosto, imagina uma mulher com a uma voz legal como a Byul?! É um desperdício de talento. Sorry >.<
2. mirror
Uma balada despretensiosa. O vocal grave e sem apelar para firulas conquista na primeira audição. Com facilidade, o refrão fica na mente. A pegada eletrônica é ótima e super agradável. No final da faixa já estava cantando junto “I hate myself in the mirror”
3. ILJIDO
O início traz acordes que lembram música tradicional coreana. Depois evolui para um pop com pegada r&b. O som lembra muito o Red Velvet, com Bad Boy e Psycho, que exploram uma sensualidade em que as mulheres se colocam em posição de comando.
Uma excelente b-side!
4. MOON MOVIE
Mal começou e o rap da Byul já anuncia que a track seria fácil o segundo single do EP. Tem um som bem boygroup-badboy-hiphop. Particularmente, não gosto desse tipo de produção. Conversando com a Edna Laize, fã do MAMAMOO, soube que o conceito do álbum é justamente mostrar que garotas explorar outros conceitos e até mesmo ampliar suas facetas, pois música não tem gênero. Nesse ponto, a faixa é contundente com o EP e a proposta. Entendida a ideia. Ok!
5. SNOW
Uma balada que a Byul mostra novas cores da sua voz. O piano e o uso de sintetizadores para manter a base eletrônica do r&b ficou bom. Ainda que o arranjo destoe um pouco da proposta conceito “boygroup”, a canção tem uma pegada comum às tracks mais lentas em girlgroup. Na verdade, senti falta de uma música mais “right in the feels”.
LINEARIDADE ENTRE AS FAIXAS
Ao conhecer e entender a proposta da Moon Byul, o EP traz uma identidade visual e sonora bem demarcada. O conceito permeia em todas as faixas — exceto em “Snow”. Até a faixa 4, as canções apresentam uma boa transição entre os ritmos. O que favorece ao entendimento e audição do EP como um todo.
Nota: 🍫🍫🍫☕ (03 chocolatinhos e 01 cafézinho pela ousadia conceitual que é o grande TRUNFO do EP).
Um nota pensando no mix particular+ousadia.
BÔNUS
Ao acessar o perfil da Moon Byul, no Spotify, encontrei a track “Weird Day”. QUE BELEZA DE ENCONTRO. Seguem os comentários dessa faixa maravilhosa:
- Weird Day (feat Punch)
A guitarra acompanhada pela percurssão suave dá o tom do single. O vocal suave e soft da Punch parecem mais um instrumento para acompanhar o arranjo.
Outro ponto a comentar, é diversão que a troca de momentos de quem faz o rap e dita a melodia faz desse single algo mais maravilhoso ainda.
Tem uma pegada MPB com toques sofisticados de elementos eletrônicos na segunda ponte do refrão.
Um feliz lançamento que deveria ter sido mais panfletado pelos fãs.