Pandemia, vida real e recomeços
Depois de quase três meses ‘ausente’ do blog, estou de volta \o/
Mas antes queria deixar umas breves palavras sobre o sumiço e como as coisas mudaram dentro de mim, menos o amor à música, claro!
PANDEMIA
No último post, comentei sobre um drama japonês que tinha a pandemia como ‘personagem’, pois indo além do contexto, o caos mundial tem um espaço tão grande que muda a rotina e afeta a personalidade dos personagens. O coronavírus mudou a nossa forma de socializar, resolver problemas, como também criá-los, trabalhar, consumir, fazer arte…TUDO MUDOU. E nessa mudança, nós perdemos o fio que nos faz dizer que estamos vivos.
Em meio a tantas perdas e notícias ruins, a busca por saúde se tornou algo mais que essencial para manter as outras coisas funcionando. É óbvio que estar vivo faz se necessário para aproveitar tudo que um corpo saudável proporciona. Mas a maior crise sanitária do mundo contemporâneo acabou com todas as nossas (frágeis) certezas e o nos faz lutar pelo direito fundamental: a vida.
VIDA REAL
Desde fevereiro, a vida de um dos meus bens mais preciosos foi afetada. Vítima da ausência de uma política pública que contemple a diversidade de casos e histórias desse país plural, a Covid não chegou a minha casa. Porém, outras doenças existem. O grau de urgência também. E a falta de leitos para toda essa gente, existe…também.
Para nos mantermos vivas, precisamos de saúde. Sem ela, nada adianta. Nesse acesso ao serviço de saúde, em meio a pandemia, nos digladiamos barbaramente por atendimento. Pessoas com câncer, pacientes cirúrgicos, grávidas, famintos, desempregados…todos com cargas pesadas demais, contudo, estavam lutando contra o vírus desconhecido, além daqueles que, infelizmente, foram tocados pelo Sars-CoV-2.
Passei 20 dias acompanhando mainha no hospital, pois a situação que era ‘suportável’, passou para ‘insuportável’ e a intervenção hospitalar se tornou necessária. Nesse período, fiquei fragilizada, passei de estatística de massa, para número real. Sabe o que sobrou de tudo que mantinha o resto da sanidade em mim? Isso a música.
RECOMEÇOS
Desde que ficamos enclausurados por conta do inimigo invisível e desconhecido, a arte foi a companheira (e até mesmo vilã, quando nos equivocamos quanto ao seu real propósito). Uma TV, celulares e uma conexão à internet móvel (de qualidade questionável) tornou tudo mais brando e até mesmo era possível vislumbrar um recomeço quando tudo passasse. Os lançamentos ouvidos à caminho do hospital ou do trabalho ou na cadeira dura do acompanhante, traziam leveza. Até mesmo a reprise da novela tinha um quê de alívio.
Após 20 dias de alta, voltamos e aos poucos tenho conseguido retomar meus momentos de pausa. Do surto com o bias, do choro compulsivo após aquele drama maravilhoso, dos stories diários com trechos do mais recente livro favorito ou de ouvir pela 181896242652498184287487638719 aquela música especial.
É isso…a pandemia tem nos vitimado de várias formas e as sequelas são irreparáveis. Cabe a nós encontrarmos maneiras de recomeçarmos e não perder a sensibilidade que só a arte provoca na gente.
Saúde.
Fiquem bem.
Esteja bem.
💛
“Calma, que eu já tô pensando no futuro
Que eu já tô driblando a madrugada
Não é tudo isso, é quase nada
Tempestade em copo d’água
Eu não tenho medo do escuro
Sei que logo vem a alvorada
Deixa a luz do sol bater na estrada
Ilumina o asfalto negro”